08 novembro, 2010

A VEZ DAS MULHERES


Desde a epoca da Monarquia, o Brasil não era governado por uma Mulher. A primeira administradora foi a Princesa Isabel, primeira na linha sucessória após a morte de seu pai D. Pedro II, em 1891. Antes de conquistar o trono real, recebeu a cadeira de senadora, direito garantido aos herdeiros do trono quando completassem 25 anos. Foi a responsável por enfrentar com valentia os “fazendeiros” do café para fazer com que a escravatura fosse abolida do Império. E conseguiu.

Hoje, vivemos em momento diferente daquele do Império. Vivenciamos a Democracia na sua plenitude. Podemos eleger quem irá nos representar e, se eventualmente, não o fizer de maneira correta, podemos retirar o “desobediente” do Poder. E isto tem acontecido no Brasil de hoje. O que fazemos quando votamos é dar uma procuração em branco para que alguém nos represente e no caso de uma má representação, esta mesma procuração pode ser retirada pelos mecanismos de segurança previstos.

Em 31 de outubro de 2010, o POVO brasileiro deu uma procuração em branco para uma mulher administrar o País até 2014. É a história sendo vivenciada por todos nós, ao vivo e a cores, em tempo real.

Dilma Vana Rousseff elegeu-se Presidente da República Federativa do Brasil com 56,05% dos votos, contra pouco mais de 40% de seu adversário José Serra. Filha de pai Búlgaro com mãe brasileira, foi duramente questionada pela imprensa e pelo povo sobre as suas convicções em relação ao aborto e a liberdade de imprensa. No seu primeiro discurso, fez questão de acalmar a todos, afirmando categoricamente que não provocará mudanças na legislação a respeito do aborto e que “...é melhor o ruído da imprensa, do que o silencio das ditaduras..”.

A campanha presidencial foi marcada pelo enfrentamento direto entre os dois principais candidatos. Denúncias de espionagem, tráfico de influencia, dossiês e comparações entre FHC e Lula deram o tom da campanha. De propostas concretas, muito pouca coisa. Aliás, soubemos mais das propostas da presidente eleita após o termino da campanha, em seus discursos vitoriosos.

O fato concreto, é que a maioria decidiu dar a chance para uma mulher governar um dos cinco maiores países em desenvolvimento. Dilma Rousseff comandará um orçamento aproximado de 2.05 trilhões de reais, o mais alto dos últimos anos. A nossa economia aliás, é motivo de orgulho para o presidente Lula, eis, que , por exemplo, conseguiu atravessar a “marolinha” que nos atingiu em 2008 injetando no crescimento e na geração de empregos, medidas tidas como impensáveis em outros tempos.

Terá a Câmara Federal e o Senado ao seu lado, já que a maioria das duas Casas são do PT, PMDB ou de partidos aliados, não encontrando problemas para aprovar as medidas que tiver que tomar no comando do País. Com relação ao apoio dos governadores, Dilma terá de acalmar os anseios dos que apoiaram a sua candidatura e digamos assim, conquistar os que foram contra. Enfrentará uma demanda conjunta de todos os governadores que poderá ser o seu primeiro teste de popularidade: a volta da CPMF.

No campo internacional, a presidente eleita terá de enfrentar a guerra cambial que vem sendo imposta pelos americanos e chineses, cada qual tentando puxar a sardinha para o seu lado. O Real muito valorizado faz com que o Brasil perca em exportações e por tabela passe a gerar empregos lá fora em detrimento aos nossos. Mas estamos bem preparados, com boas reservas cambiais protetoras contra a especulação internacional.

Os problemas mais sérios a caminho de Dilma dizem respeito a infraestrutura(saneamento básico, esgoto, água, luz, telefone, transporte público) que tem duas complicadoras: somos sede das Olimpíadas em 2016 e da Copa do Mundo de Futebol em 2014. As obras necessárias para a realização destes eventos consomem grandes quantias em dinheiro e deverão estar prontas pelo menos um ano antes da realização.

Dilma Rousseff é uma mulher forte. Provou isso durante os três anos em que esteve presa na época da Ditadura. É tida em Brasília como uma mulher corajosa, que não manda recado e não tem medo de se expressar, mesmo que seja mal interpretada. Por essas qualidades, foi a Ministra Chefe da Casa Civil no Governo Lula, só saindo para disputar a primeira eleição de sua vida. E ganhou.

Temos mais exemplos de mulheres poderosas no mundo: Angela Merkel, Cristina Kirchner e Hillary Clinton. Dilma soma-se a elas para tentar governar a maneira feminina. Mas não será fácil, muito pelo contrário, por vivermos ainda em tempos de “machões”.

Dilma Rousseff terá muito trabalho e os que não acreditaram nas suas idéias, ficarão atentos a cada movimento, na torcida de que cada rumo que o País tomar, seja respaldado acima de tudo na honestidade de quem a partir de janeiro de 2011 será a nossa comandante.

Estamos na torcida por um Brasil socialmente mais justo e que se faça presente em todas as regiões, independentemente de cor partidária.

* Pedro Zadyr


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