14 setembro, 2006

"Consciência no voto"

A convivência é uma escola, mas a vivência antes de tudo é uma ciência que não está nos livros. Sem abrir mão dos livros, encartes, e até bulas de remédios, a vivência me autoriza a dizer que somente vivendo é que se aprende que os sinais exteriores não correspondem à verdade dos fatos, que a generosidade é um perigo quando emantada na conveniência; o altruísmo no egoísmo; a sinceridade na máscara da mentira e quantas vezes a própria força negativa nos aparece emantada na suposta justiça.E porque mistificamos tudo? A resposta, como diz Ney Magalhães, é lógica.E afirmo que só quem como eu teve o desprivilegio de conhecer pessoas que praticaram atos com objetivos aparentes, diversos dos reais, pode afirmar que os tapinhas nas costas nesse período eleitoral podem servir para nos empurrar para o abismo e os afagos na cabeça para nos afundar, principalmente se estivermos com a alma banhada por um oceano de lágrimas.Caro leitor, quantas maneiras existem de ser ver as coisas, depende da posição em que se está, a visão, sem dúvida é diferente, bem diversa do que se imagina.No meu ponto de vista Ponta Porã e Pedro Juan Caballero – uma única cidade - na minha insignificância sempre sonhei com essa unificação mesmo que na esfera de um mundo irreal, até perceber que não sonhava sozinha, e como diz o poeta “sonho que se sonha só é apenas sonho, mas sonho que se sonha junto, é realidade".Ao adentrar no processo natural de envelhecimento do corpo, então passei a sublimar minhas vaidades para o campo do social e ao fazer isso percebi que em que pese as Leis, em que pese a Soberania Nacional, em que pese, sobretudo, os Poderes Constituídos, nós somos nada mais nada menos que sobreviventes nesta terra de ninguém.Não vamos nos enveredar para o campo da segurança pública, não a temos. Está provado e ponto final. Mas dirigimos nossa crítica para a seara da corrupção, das sanguessugas, mensaleiros, vendedores de emendas parlamentares, corruptos, corruptores, fraudadores de licitação e os corrompidos. Todos com os nomes já divulgado pela imprensa.Tememos em afirmar que por inúmeras razões o mesmo homem que fez uma multidão de velhinhos passarem fome e até morrer nas filas do INSS, vejam bem, não falo do Ministro, mas sim do patrão, “Lulla” está prestes a se reeleger. Teremos novamente um déspota para nos governar.E por falar em INSS, me reporto imediatamente à saúde, e por mais que tente olvidar, guardo na memória auditiva a voz do intendente de Pedro Juan Caballero ao ser entrevistado por uma rádio local dizer claramente que temos a obrigação de atender no Hospital Regional Dr. José de Simone Neto, a todos os “votantes” que residem do outro lado da linha internacional, pois são sete mil pessoas que decidem uma eleição municipal. Dr. Zezé de Simone que sempre atendeu brasileiros, paraguaios, pessoas de qualquer nacionalidade deve se amargurar com as agruras que passam os “votantes” que por força de Lei, não merecem atendimento do lado brasileiro. O homem que trouxe luz para esta cidade e trouxe à luz tantos homens e mulheres devem imaginar que melhor substituir o nome do hospital para Dr. Menguele, o médico de Hitler.Saibam pontaporanenses que pagam seus impostos, que a atravessar um dos marcos que dividem nossos Países, encontraremos brasileiros que optaram por lá viver, por lá sobreviver, para obterem um emprego ou subemprego, luz mais barata, impostos mais baixos. Mas também residem cidadãos com dupla nacionalidade que se sentem na “obrigação de votar”, para que um dia, no futuro possam se aposentar recebendo os míseros trocados do INSS porque o corpo já será frágil para o trabalho e os medicamentos, se tornarão gênero de primeira necessidade. Ao que parece no Paraguai não existe um instituto de aposentadoria.
Vejam a brecha que se abre nesse diapasão para que os corruptores saiam à caça desses “votantes” e lhes compre o voto. Quem vende o voto não pensa no futuro seguro como os corruptores lhes fazem crer. Mas então está tudo errado. E a culpa é de quem? Da Justiça Eleitoral, da Policia Federal. A resposta, é não. A culpa é dos homens que compram os votos, pois não existe a conscientização para os que se vendem que ao elegerem um político corrupto, suas aposentadorias podem nunca acontecer porque aos prostituírem seu voto, prostituem também suas almas doam sangue às sanguessugas.Este pequeno drama individual que vivemos aqui em Ponta Porã se reflete no grande drama do mundo, da luta entre o bem e o mal, da redenção do homem através da dor.No dia 1º de outubro próximo o desafio será grave e o embate gigantesco. E se na dor da velhice somos todos irmãos e brasileiros é preciso conscientizar “los votantes” que os valores para os compradores de voto é a riqueza material mas para quem vende o voto não é a certeza de uma velhice segura, pelo contrário é uma velhice sofrida.Temos o dever cívico de conscientizar que o futuro é imprevisível ainda mais quando damos o poder para homens do mal.Embora não concordamos com a corrupção, ela existe, então que esse povo pobre pegue o dinheiro que lhes é oferecido, tal qual a criança aceita o doce, mas que votem com a dignidade de um idoso. Ensinemos a eles, “los votantes” que ao venderem suas consciências, estarão se tornando cúmplices dos corruptos, se votar neles em troca de dinheiro estarão incorrendo em responsabilidade.Vamos, pois, nos organizar, posto que este texto pode não chegar às mãos daqueles que vendem seus votos, mas com certeza não passará incólume pelas vossas vidas, que é séria e dura e porisso precisamos defendê-la.E como fazer isso agora companheiros? Vamos fazer saindo às ruas e evangelizando, pois Deus não lhes tirará o pão. Vamos tentar instruir e ensinar que ao lado do triunfo do comprador de votos está a miséria daquele que se corrompeu. E na pior das hipóteses, vamos ensinar-lhes a ser um Judas às avessas, receber o presente, o dinheiro, a cesta básica e retribuir nas urnas com o que há de mais sagrado no homem e na mulher, a consciência. Ensinar que o corrupto nada mais é que um demônio emantado e dar-lhe o troco, votando em homens limpos, cujo passado já provou que o futuro pode sim valer a pena.E se errarmos, a Democracia que vem do povo que vem de Deus, nos dará uma nova oportunidade, pois do jeito que está não pode ficar. Ou então, fiquemos em casa e aceitamos a velha máxima de que “o inferno é aqui”. Isso é inconcebível para o pontaporanense, que deve mostrar aos sete mil votantes do lado de lá, que o mundo não pára de girar, insista, que a consciência pode se deteriorar. A alma não.Leitores perdoem se pequei pelo excesso, sou humana, tenho o direito de errar, mas não peco pela omissão, sou de Ponta Porã.

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